cá estou,
com a
vaidade, o orgulho, a palavra.
A vaidade
quero-a longe, quero.
O orgulho
conservo-o, conservo.
A palavra
digo-a à outra palavra.
Não me lembro
de um dia
crer em Papai
Noel.
Recordo-me
que fingi acreditar
e o revólver
com o cinturão e a cartucheira
nunca vieram.
Mas havia o
peru assado na padaria
que o tio do
Espírito Santo mandava
para ser
embriagado antes do corte.
Diziam que
era para a carne ficar macia
e eu achava
que eram duas maldades.
Neste ano,
contrariando o
prognóstico de caos para as gentes,
faça como
antes nunca fiz,
ponha sua
sandália
num cantinho
com simpatia.