sexta-feira, 15 de julho de 2016

Confessionário: de todos os meus pecados peço perdão





        



CONFESSIONÁRIO:
DE TODOS OS MEUS PECADOS PEÇO PERDÃO

     Começamos pela leitura do que os outros pensam. Até aí, nos é negado grande parte do que pensamos quando lemos.

        Passamos a ler mais rápido. Pulamos trechos. Ou nos abstraímos e nos exportamos da trama. Por um tempo, lemos as palavras e nem sabemos o que estamos lendo. O pensar submerge. Frases desconexas. Seguimos ou voltamos. No espírito pouco sobra, porque as coisas ficam umas sobre as outras.

     Bom é ler a palavra para construir a personalidade que você lhe dá, mas eu escorrego, levo tombos, fraturo-me. E ela, sobre o papel, tem identidade, independência, não se abala com o livro que tombou, que sob o chão, inerte, aberto, folhas amassadas, alisadas no dia seguinte pelo ledor envergonhado que não comenta, que não se declara culpado. Não há culpa, teve sono.

        E ele se diz: livro, mesmo o de encantamento, é sonífero; livro faz a viagem acompanhado.
             

domingo, 3 de julho de 2016

Flor de Sol

Seja vulgar
não acompanhe
contrarie
nasça no poente
esteja na amoralidade a sua essência
no contrário o amarelo da sua natureza
na ilogicidade a desimportância da treva.




Por que me ignora?
Você multicolore
diz que ela em sua completude
subtrai os animais
musicaliza a semente do pássaro
enterra as mãos na terra
encanta a loucura sob o Sol
na dimensão que só você sente
no ópio da sensatez da palavra desfraseada do quase anjo.

Descobri o seu alimento
leio em cada pétala
a convergência da luz e da escuridão.
São ele e ela
seu invento
vejo em cada pétala
sob o Sol.