sexta-feira, 15 de julho de 2016

Confessionário: de todos os meus pecados peço perdão





        



CONFESSIONÁRIO:
DE TODOS OS MEUS PECADOS PEÇO PERDÃO

     Começamos pela leitura do que os outros pensam. Até aí, nos é negado grande parte do que pensamos quando lemos.

        Passamos a ler mais rápido. Pulamos trechos. Ou nos abstraímos e nos exportamos da trama. Por um tempo, lemos as palavras e nem sabemos o que estamos lendo. O pensar submerge. Frases desconexas. Seguimos ou voltamos. No espírito pouco sobra, porque as coisas ficam umas sobre as outras.

     Bom é ler a palavra para construir a personalidade que você lhe dá, mas eu escorrego, levo tombos, fraturo-me. E ela, sobre o papel, tem identidade, independência, não se abala com o livro que tombou, que sob o chão, inerte, aberto, folhas amassadas, alisadas no dia seguinte pelo ledor envergonhado que não comenta, que não se declara culpado. Não há culpa, teve sono.

        E ele se diz: livro, mesmo o de encantamento, é sonífero; livro faz a viagem acompanhado.
             

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